A ANGEL ACONSELHA...

Há tempos vi um episódio antigo de ‘’ O sexo e a cidade’’ em que a Carrie desabafava com a Miranda sobre o Mr.Big. A questão era a seguinte:
A Carrie na cama com o Mr. Big deu um traque. Nos dias seguintes sentiu que o Mr.Big estava diferente com ela. Uma semana depois e sem sexo a Carrie estava desesperada e comentava que o traque tinha mudado tudo. Traques é coisa de gajos com os amigos, não com as namoradas. O Mr.Big já não a via com os mesmos olhos. Havia intimidade para o sexo mas não para algo assim tão pessoal como um traque. A Miranda dizia-lhe que ela estava a ser parva, que um traque não muda uma relação e a Carrie confirma que realmente o problema não era o traque em si mas o facto de que ela ‘’representava’’ perante o namorado. Tinha mentalmente gravado uma imagem de perfeição e todos os dias cumpria o guião na integra. Chegava ao ponto de fazer poses. A Miranda pergunta-lhe o porquê de ela agir assim e ela responde que ele era perfeito e que ela queria ser perfeita aos olhos dele, porque ele podia não gostar da Carrie imperfeita, a Carrie que dá um traque!!!
Ficção dirão vocês. Realidade digo eu.
Qualquer mulher solteira hoje em dia vive em stress. Conhecem um gajo que lhes interessa e logo começa a tormenta. Devo telefonar? Ah é melhor não, senão ele pensa que o estou a perseguir. Devo convidá-lo para sair? Devo enviar um sms no dia a seguir à queca? Telefono uma ou 3 vezes por semana? Será demais? É melhor não telefonar pronto! Neste caso, será que ele pensa que eu não estou interessada?? Gosto de fazer A e B mas como ele também gosta é melhor não dizer nada porque senão ele pode pensar que estou a persegui-lo. Chega ao ponto infeliz de se perguntarem se devem mandar aqueles mails engraçados que toda a gente envia.
É nestas alturas que agradeço estar casada e não andar metida nestes sarilhos. A minha ulcera não me permitia tanta angustia.
No entanto, voltando uns tempos atrás, recordando a minha época de ouro, que é como quem diz engate, e não me lembro de ter assim tanta dúvida. Conhecia um gajo, era giro, dava conversa, combinávamos sair e a coisa flui-a normalmente. Nunca deixei de telefonar por achar que ele podia achar. Apetecia-me falar com ele, ligava. Se o gajo perdesse o interesse, olha azarito o dele, a je encontrava outro. Viver em função que a outra pessoa possa pensar mal de nós não é viver. Racionalizar relações, equacionar cenários, ensaiar frases, impor condições, viver segundo regras é castrar à partida tudo de bom que duas pessoas possam viver. Seja essa vivência de apenas uma noite ou para o resto da vida. Eu sempre me dei por inteira, sem máscaras nem receios. Fosse pelo tempo que fosse, tivesse uma duração de horas, meses ou anos. Quem me teve, teve-me a mim, não uma imagem de perfeição segundo aquilo que ele poderia pensar. Até porque uma pessoa pode viver uma vida inteira com outra sem nunca saber o que ela pensa, quanto mais nas 1ºs horas ou dias. Amigas mulheres, mostrem-se sem medos, entreguem-se sem receios, atirem pela janela fora o ‘’que será que ele pensa’’?. Façam tudo o que lhes apetecer sem receios nem entraves. Libertem-se dessa tensão e transformem-na em tesão. Vivam sem medo de viver porque amigas, ninguém está livre de um dia dar um traque em público!!!