A OSGA TARADA E O CABELO VERMELHO

Há uns anos valentes, morava eu, ainda, com os meus progenitores, numa casa térrea com quintal.

A senhora minha mãe, aproveitava sempre os dias mais solarengos para estender a roupa no terraço.

Naquele dia fatídico, ela tinha acabado de chegar da cabeleireira com uma magnifica cabeleira vermelha caju, resplandencente ao sol e lá foi com o alguidar de roupa escada acima, estende-la.

À vinda para baixo, sentiu algo no cabelo. Apalpou, remexeu, passou o cabelo pelos dedos mas nada. Resignou-se que teria sido engano.

Resolveu então ir lavar a loiça.

Durante o tempo em que decorreu a lavagem da dita começou a sentir-se estranha e dizia-me:

-''Ai. Eu hoje não estou bem. Sinto o cabelo a mexer sozinho!''

Eu, já na altura muito despistada, não liguei importância nenhuma ao caso. Pensei para mim que ela deveria estar nervosa e estava com mais um xilique.

Mas a minha mãe continuava:

- ''Oh que catano mas não é que o cabelo mexe-se sozinho??'' e punha a mão na cabeça para analisar a questão mas....nada de anormal encontrava.

Uns bons 30 minutos desta história se passaram até que a minha mãe já farta de cabelo irrequieto, largou a loiça e foi ao espelho. Analisou pontas, caracois....até que........................

- ''AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH, PUTA, PUTA, PUTA, PUTA, PUTA.....'' acompanhado de pulos mais ou menos histéricos.

Pois é, meus caros, quando a senhora minha mãe olhou melhor, tinha uma osga colocada no alto da cabeça, também ela a olhar-se ao espelho, provavelmente a indagar-se porque é que naquele dia o chão se mexia tanto.

A minha mãe ia tendo um treco e a osga teve dois ou três pois acabou debaixo dum sapato da minha mãe ao som de : ''AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH, PUTA, PUTA, PUTA, PUTA, PUTA.....''

A vida continuou e um mês depois, a minha mãe volta a pintar o cabelo da mesma cor e por incrivel que possa parecer, a cena repetiu-se com a diferença que desta vez ela sentiu a osga saltar-lhe para a cabeça e não andou a passea-la pela casa.

Perante esta situação a minha mãe, também senhora capaz de teorias dignas dum pentagamico, chegou à conclusão que tudo deveria ser da cor do cabelo e disse á cabeleireira:

- ''Não quero mais essa cor. As osgas acham isso afrodisiaco e saltam-me todas em cima. Pode pintar o cabelo de castanho, se faz favor.''

Agora tantos anos depois, ando preocupada, também eu ando com o cabelo vermelho resplandecente e não estou preparada para levar com uma osga em cima!